ANTOM LAIA
(Melide, 1956)
ÁGUA
E VENTO
Ao
primeiro foi o vento,
a
agua, a agua na agua,
o
silêncio do ar no vento,
…a
sombra na sombra,
Despois
as janelas,
abertas,
lençois
brancos,
brancos
lençois de seda
na
túa espera.
E
a gamela a vogar libre
entre
as tuas pernas…!
EXISTES
EN MIN
Depois
de ter-nos amado feramente
na
folhagem das prantas perfumadas,
minha
cerva namorada!, havemos de
amar-nos
novamente na cova do refugio.
No
refugio dos corpos apouvigados,
chuva
de lume nos beiços que se tocam,
braços
que se abrasam no lume cego,
amor
enlouquecido que se queima na espera.
Minha
cerva namorada!, enmergulhado no
teu
celme que respiro, asulago-me da tua
Bravamente
asulago-me na túa fontela para
saciar
a sede que eu tenho no teu mar de algas
e
poder verter en mi tudo o meu polem fecundado.
BOCAS
As
bocas na espera do fragor.
O
romance incompleto do fôgo
en
chamas. O lume arde na
fogueira
dos labres excitados,
as
linguas tocan-se na humidade
das
bocas. As bocas na espera
do
lume que quenta os corpos
que
se devaneiam como as ervas
de
namorar e deitan-se e apagan-se
e
dan-se inteiramente. As bocas
a
juntar-se na espera do fragor.
Incompleto
romance en chamas.
OS
CORPOS
Está
hoje um dia para olhar-nos.
Batem
nos cristais pingas grossas
e
no leito as pernas se entrelaçam
na
árvore dos desejos anelados.
O
sol atravessa fugitivamente as janelas
o
mesmo que as vírgulas se apoussam
no
cimo das palabras que nos quentam.
Nosso
amor em segredos furacanados!
No
interior dos corpos o sangue
das
veias deborcado no meu ventre.
enquanto
as pingas batam nos cristais e no
leito
as pernas se entrelacem ávidamente
(Do libro No balouçar do vento. 2013)