viernes, 24 de marzo de 2017

A LUZ DAS PALABRAS (67) Antom Laia




Tiñamos que ler a súa palabra. Sentir as súas andainas ateigadas de paixón e intensidade. Abrir fiestras ao seu dicir poético, que ten moito de incendio permanente arredor da ética, arredor da loita, arredor do amor.
     
     Si, Antom Laia (Melide, 1956) escribe e percorre camiños sen avisar. Camiños que amosan as conciencias do que a palabra debe salientar.
     
     
Antom Laia

     Antom Laia representa as necesidades que o ser humano precisa para expresarse en liberdade, formal ou de fondo, e atinguir a ebulición que os versos presentan, cando reciben a forza dos que se senten oprimidos. Porque hai moitas formas de opresión, de sometemento e Antom está aí para que as portas da poesía auténtica se abran sen límites.
     
     Teño dous poemarios do poeta. Dous poemarios que acadaron emocionarme. Dúas alfaias, nas que a palabra toma forma de encontros co próximo, de berro no infinito, de intimidade e realidades que baten en nós. Un deles, As margens do tempo; o outro, No balouçar do vento. Poemarios para ler e reler e sentir que o poeta anda canda nós lembrándonos o poder da palabra.

Antom Laia

     E a palabra -a súa poética-  escríbea nun texto fermoso para Versos e aloumiños. Un texto para entender mellor a un home que fai da poesía un sendeiro de sensibilidade que convida a saboreala fondamente.



                               Literatura e poética


De sempre...dende a miudez dos meus tempos-a leitura em estâncias solitárias-amando mesmo antes de saber dos dedos-como vento lizgairo que me mancava nos desejos-amei os versos.

A poesía...esse mistério fecundo-sempre me atrevessou -de forma nom sempre lúdica,nom sempre cósmica-nom sempre amante-nom sempre formalmente belida...

Cuspe-se sangue no mundo do terror---mas volve como as queirotas nas primaveras----,umha e outra vez-na casa sempre habitada -das palavras...sempre as palavras...sempre elas amantes amadoras nas praias comunais-nas redes escarlate,nas gándaras onde cavei o meu corpo como um ausente...

mas ainda assim---volvo sempre a casa-como dizía o Peixoto-onde permanecemos todos na mesa,e volvo ao neninho que fum no homem que som-e volvo ás palavras dos avós e das avoas...nesta lingua,nesta nossa lingua.

Na lingua na que soubem dos pica-folhas,dos trompos,do esgaravelhar dos olhos como vagalumes de ternura-vivências das mulheres nas que tenho gravidado como folha enverdecida na que nadei em corpo-como o nascer do tempo nos que vim as ponlas secar e renascer de novo-tam aginha como os azuis deste nosso céu que nos assoalha...

(...)  significa que o mar nos foi deixando
solitarios
como as bestas
e non puidemos derruba-la esperanza

mas ainda assim-as palavras-mesmos as ausentes e os silêncios,na lingua do leite que se maçou nos tempos,como os queijos da tataravó que permance-nesse sabor agre e doce-doce e agre que é a vida-som sempre os recordos do poema,o regresso-os espelhos rotos,os lábios das amantes,as olhadas montanhosas das crianças.

... tens um menino nos olhos--

como temos borboletinhas de futuro ,sempre carregadas de urces e chorimas-amadurecendo nos versos,neste nosso tempo-de maçás rubias-jazendo no morar das ausências-terriveis des-atinos,
Nosso país-como barquinha  des-profundando -nossas palavras esnaquiçadas nos vidros,no balouçar do vento;chuvas enxergando luzes de vitória...

Eu-poeta breve-nom gosto moito de definir o definido-nom som um teórico da literatura.Sei bem pouco disto-modestamente;mas gosto de planos abertos,e dende eles podo admirar a poesía enorme dum Emilio Arauxo até namorar-me das numerosas mulheres que enchem de dinamita e magnolias as letras...

Amo a poesia como ato livremente livre,tremendamente individual(ainda reconhecendo o imenso valor de obras como "O silabario da turbina";digo individualmente individual no seu nascemento e sempre buscadores de leitores e leitoras e transgressor de mundos.Algo que nasce nos teus dedos mas que tem um destinatário coleitivo-seja poesia social ou qualquer jeito de comunicaçom.

Gosto d tamém do que foge do politicamente correto-neste caso do literalmente correto ou de moda-para que cada quem se submerja nos mil carreiros que tenhem os oceanos e nos mil vieiros que se entrecruçam nas fragas.Nisto som abusivamente libertário,profundamente comunal,tremendamente respetuoso cos moitos jeitos de escrever.Só de longe rejeito a obra perfeita dessenhada em laboratórios de modé,essa que se dessenha para leitores e leitoras cultas e cultos,mas que para mim carece de sanque quente ou sobra-lhe fogos de artificio.Fico mais satisfeito lendo a Jorge de Sena que a Pessoa-por exemplo( e ponho dous autores que amo).

E no nosso contexto de país com mil criadores ínfinitos---ódio só aos que se subem a umha escada saltando os chanços ou trocando a lingua...