JOÃO MANUEL RIBEIRO ( Oliveira de Azeméis, 1969)
A
LUA LUADA
João Manuel Ribeiro |
A lua
é de prata,
a lua
é un prato,
a
lua está
no papo,
a lua
seduz o sapo.
A lua
caiu no charco,
a lua
andou de b arco,
a l.ua
perdeu um quarto:
-
nesta lua nem
eu embarco.
TEMPORAL
Zangou-se
o tempo
e
armou tal
temporal
que
o sol amuou,
a
chuva trabalhou
e
ficou o vento
sem
movimiento
para
tantas tropelías.
Zangpu-se
a flor
causado
polo tempo
que,
com tal idade,
já
devia ter juizo
para,
como ninguén,
por
de bem
a
chuva e o sol.
Zanguei-me
eu,
que, sem
tento,
vi
pasar o tempo
sem
o poema abreviar
nem
ir brincar
para
a rua
namorar
a lua…
(que
nào cabe nesta zanga).
PARELHAS
Com
papas e bolos
se
tapa a boca
aos
meninos tolos.
Ilustración de Anabela Dias |
Com
sal e pimenta
se
dobra a língua
a
quem palavrões inventa.
Com
alhos e bugalhos
se
temperam e assinalam
caminhos
e atalhos.
Com
rimas e versos
se
capta a atençao
de
meninos dispersos.
PELO
MURO ACIMA E ABAIXO
Pelo
muro acima vai um caracol
com
a barriga no chão e os cornos ao sol.
Pelo
muro abaixo vem um lagarto
com
a barriga vazia e o olhar farto.