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domingo, 11 de marzo de 2018

CATAVENTO DE POEMAS INFANTÍS (LXV) "De umas coisas nascem outras", de João Pedro Mésseder







                                     JOÃO  PEDRO  MÉSSEDER  ( Porto, 1957)





Alvorada – e o galo transforma a luz em canto.



As nuvens são as copas das árvores do céu.
João Pedro Mésseder  (Foto Correio do Porto)



O musgo é o veludo que agasalha a pedra dos muros.



Despidas, certas árvores são como mãos suplicantes
durante os longos meses do inverno. Na primavera,
a prece é satisfeita: o verde sobe-lhes aos ramos
e os ninhos florescen.



No mundo dos pássaros, os bosques são cidades.



O sol é o único afogado no mar que todas as manhãs

renasce.


A lúa cheia é o botao que o pijama do céu perde
certas noites.



A noite escreve versos. O dia recita-os e canta-os.



Os espelhos são placas de mar arrancadas da estrada que
leva ao sol poente.



O mar tinge de azul os olhos de certos homens nascidos
junto à costa.



O metro emerge do túnel e entra na estaçao como pasta
de dentes a sair do tubo.
Ilustración de Rachel Caiano



O vento nunca se magoa nos muros e nos rochedos.



Nas manhãs de inverno, acordar e sair do leito dói quase
tanto como, a um bebé, vir ao mundo.






(Do libro De umas coisas nascem  outras, editado pola Editorial Caminho, 2015)