JOÃO MANUEL RIBEIRO (Oliveira de Azeméis, 1968)
ASSIM NASCEM OS POEMAS
São
matreiras,
as
palavras.
João Manuel Ribeiro |
Irrompem
repentinamente
e,
sem pedir licença,
possuem
o silêncio.
Assim
nascem
os
poemas…
FAVO
Seja
a palavra
um
favo
de
ternura.
Tu
a
abelha.
Eu
o
poema e o mel…
PALAVRAS
Há
palavras que voam,
pássaros
de vento sem asas,
vão
do coração ao papel
e
vivem na pele das casas.
Palavras
pássaro, ave, ninho,
onde
se condensa toda a vida,
com
sabor a maresia e rosmaninho,
a
arder em sílaba atrevida.
Palavras
pólen e chuva tardia,
a
fecundar os dias e os gestos,
caladas
em segredo ao dia
ou
gritadas em coro de protestos.
PALAVRA
A PALAVRA
Ilustración de Constança Araújo Amador |
Palavra
a palavra faz-se o poema,
a
cidade, também o amor e a loucura.
Palavra
a palavra faz-se a casa, o silêncio
de
operário, também a revoluçao.
Palavra
a palavra faz-se a paz, o pão,
a
justiça, também o riso e a alegria.
Palavra a palavra faz-se a palabra,
o
futuro, também a canção e o mundo.
(Do libro Palavras – chave, editado por Trinta Por Uma Linha, 2017)